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História


Labirinteiras das Serras de Cajuais e Mutamba

O labirinto foi uma atividade econômica e social que veio à tona em Icapuí por volta da segunda metade do século XIX. Inicialmente o labirinto cumpria apenas um papel de entretenimento para as donas de casas e suas filhas, enquanto os maridos trabalhavam (na pesca ou na agricultura). Reunidas no aconchego de alpendres e tamarindos o labirinto passou a cumprir um importante papel social nas comunidades locais. Vale ressaltar que a atividade era partilhada (feita) por mulheres, que eram a maioria, e homens. No ato mesmo de sua tessitura as pessoas ali reunidas inteiravam-se das noticias, dos acontecimentos, contavam histórias e estórias, nascia namoros e por vezes casamentos.
Posteriormente a arte de fazer o labirinto teve sua ascensão econômica, possibilitando renda, embora mínima, para as Labirinteiras, tendo em vista a demanda por produtos oriundos dessa arte em cidades como Aracati, Fortaleza, Areia Branca e Mossoró, ambas no Rio Grande do Norte. Entrava nesse processo o papel do(a) atravessador(a), que adquiria as peças a baixo custo e a revendia em cidades próximas por um preço bem mais elevado. Equivale dizer, neste sentido, que a arte de fazer o labirinto passou a ser quase um rito de passagem em praticamente todas as famílias, que engajavam suas filhas ainda pequeninas, dando-lhes ocupação e porque não dizer, responsabilidade.
Na turma do MOVA-Brasil, da Serra de Cajuais, município de Icapuí, a partir do tema gerador DESEMPREGO, em uma das aulas de identificação das atividades econômicas da comunidade veio à tona as saudosas atividades das Labirinteiras. Tendo em vista a potencialidade do labirinto como fonte mesmo de renda, que outrora sustentou muitas famílias, sentiu-se a necessidade e a viabilidade de sua revitalização. Como forma de homenagear o Projeto MOVA-Brasil as Labirinteiras que fazem parte da turma de educandos resolveram confeccionar uma peça destacando a logo do projeto, peça esta que atraiu o interesse em ser adquirida pelo Instituto Paulo Freire. Para tanto, foi necessário a busca de patrocínio no comércio local que prontamente atendeu ao apelo e dou todo material necessário para a confecção da obra de arte.  Vale ressaltar que uma das principais dificuldades é exatamente a falta de material (tecido, linha, entre outros) para trabalhar, devido ao fator financeiro. Portanto, foi a partir da construção da peça do MOVA-Brasil, dado o respaldo, o reconhecimento e a valorização do trabalho, que as mulheres envolvidas sentiram-se ainda mais estimuladas a ampliar as possibilidades de confecção e comercialização, com vista a subsidiar renda.
Como fruto de todo esse desenvolvimento trabalha-se com a intenção de fundar uma Associação das Labirinteiras no sentido de fortalecer a justa comercialização e o retorno financeiro.
Onze Labirinteiras fizeram parte desta iniciativa, porem, percebe-se claramente em toda comunidade o interesse de outras Labirinteiras em inserir-se neste processo promissor.